Aconteceu de um tudo desde o início da quarentena que eu paro e
penso: "_Mas gente, jamais imaginaria esse enredo para minha vida em pleno
mês de agosto!"
Pois então, me lembro com tanta clareza da última
sexta-feira "normal" antes de tudo isso começar. Olha bem esse dia da
semana: 13 de março! Sim, era uma sexta-feira 13!
Já era noite e eu estava na UERJ, primeira semana de aula
ainda (pois é, estou concluindo uma segunda graduação), procurando a sala que
teria minha segunda aula do dia, iria conhecer meu novo professor de Economia e
Educação. Nesse momento meu whatsapp estava um alvoroço só, inúmeras mensagens
chegando nos vários grupos de trabalho e estudo. O governo estadual havia
acabado de decretar o início do isolamento social, que até então duraria 15
dias.
Encontrei o professor de Economia no corredor do 12º andar,
sentado e sozinho. O zelador do andar me informou que era o professor que eu
procurava, até então eu não o conhecia. Me apresentei, trocamos meia dúzia de
palavras e ele me mandou ir pra casa pois não teria mais aula naquele dia. Pois
bem, desde esse dia estou em casa...
Enquanto ia pra casa eu só pensava uma coisa: "Meu
deus, vamos ficar 15 dias em casa. Acabamos de voltar do carnaval. Minha turma
de bebês do maternal já está se adaptando e esses dias longe vai desandar todo
o meu trabalho...". Juro que fui pra casa desolada, de verdade. Sou
professora do segmento da Educação Infantil e estava com uma turma de bebês de
1 ano e 6 meses em adaptação.
A minha inocência diante da situação foi tão surreal, que
eu não tinha a menor dimensão do que se passava. Para mim seria uma pequena
pausa que atrasaria minha rotina. E de fato atrasou tudo mesmo, mas a pausa não
foi nada pequena.
A situação é que no decorrer dos meses, trabalhei por um
período remotamente produzindo materiais para disponibilizar on-line para os
pequenos. Final de maio fui desligada do meu emprego, assim como tantos outros
profissionais também estão passando por situação parecida.
Estamos vivendo uma experiência muito difícil. Mas apesar
da perda do emprego, agradeço por estar fisicamente bem e com saúde para
continuar minha jornada por aqui. A saúde emocional ficou abalada nesse meio
tempo. É andar na corda bamba para driblar os mais diversos sentimentos que
tenho experimentado durante esses cinco meses. A incerteza do que vem pela
frente até assusta, mas nesse momento eu venho tentando dia-a-dia praticar
minha fé e ela está posta em xeque.
Estou sem trabalhar desde o início de junho e é uma
sensação estranha não ter minha rotina mais como era antes. Nesse meio tempo
tenho me preocupado em manter a minha sanidade. Estou lendo mais que o normal,
cozinhando e experimentando novas receitas, jogando, fazendo artesanatos
diversos, brincando muito com meus dois felinos lindos, cuidando de plantas e
observando a vida com um olhar mais calmo, sem pressa...
Tem momentos que sinto minha mente me julgando "como
você pode ficar assim, sem fazer 'nada', precisa fazer tal coisa, tem que
resolver e blá blá blá...". É difícil silenciar uma mente turbulenta. É um
exercício diário. Mas quando percebo os barulhos dela tento me acalmar.
E vou vivendo os dias, aguardando o momento de voltar às minhas atividades. A saudade aperta e dói, mas vou vivendo, sobrevivendo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário