quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Endometriose: 1 Ano de Cirurgia


Hoje, 20 de outubro, está completando 1 ano que fui submetida a uma laparoscopia para remoção de endometriose profunda com acometimento do intestino. Relatei a situação do pós-operatório neste post aqui.

O que desejo escrever 1 ano após esse procedimento cirúrgico é que todo e qualquer tratamento dessa magnitude, pode ou não deixar algum tipo de sequela. Foi o que ocorreu no meu caso. 

Recebi um diagnóstico tardio de endometriose profunda, que é o estágio mais avançado da doença. Os focos de tecido endometrial já haviam aderido em vários órgãos, dentre eles a bexiga. 

Um mês após a cirurgia, logo que diminuiu o inchaço abdominal e as dores do pós cirúrgico, notei uma mudança no fluxo urinário, percebi que a urina não estava sendo eliminada completamente do meu organismo. Relatei o ocorrido para a médica que me operou e ela me explicou que no caso de uma endometriose profunda, com muitos focos da doença espalhados pelos órgãos, é necessário que no momento da remoção desses focos seja preservada uma parte do órgão (no caso da bexiga, uma parte dos focos da doença não é removida). Então o que houve foi que no momento de remover os focos, na parte em que foi mexida, pode ter ocorrido algum tipo de dano na musculatura ou nos nervos.

A médica me encaminhou para realizar um exame específico para avaliar o estado da bexiga, o exame se chama Estudo Urodinâmico. Foi um exame necessário, mas também bastante desconfortável e invasivo. O resultado foi "Hipoatividade Detrusora", em outras palavras, o músculo chamado detrusor responsável pelo esvaziamento total da bexiga, foi parcialmente afetado durante a cirurgia e, portanto, não estava cumprindo bem a sua função. 

Então começou a saga! Fui encaminhada para tratamento com fisioterapia pélvica. Para começar, eu nem sabia que existia essa especialidade dentro da fisioterapia. Encontrar profissionais capacitados para essa especialização é bem difícil, pois é muito específica. Mas para minha felicidade encontrei uma profissional excelente e super capacitada para realizar esse tipo de tratamento. 

Foram meses de sessões e tratamento intensivo para melhoria do quadro clínico. A fisioterapia pélvica é invasiva, por isso é necessário encontrar uma profissional na qual se sinta segura e que lhe transmita confiança. 

Agora na primeira quinzena de outubro recebi alta da fisioterapeuta e meu organismo já se recuperou completamente. São pequenas vitórias que melhoram, além do quadro clínico, também a autoestima. 

Sobre a endometriose, essa doença silenciosa e de difícil diagnóstico, gostaria de recomendar dois podcasts do portal do Dr. Dráuzio Varella que são bastante esclarecedores, O Podcast "Porque dói?" traz informações úteis e podem auxiliar a quem esteja apresentando sintomas dessa doença. 

O quanto antes recebermos um diagnóstico, mais fácil se torna o tratamento e a redução de danos e sequelas.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Professora, Sim; Tia, Não

Hoje é dia 15 de outubro, em que é comemorado o Dia da Professora e do Professor, a profissão que escolhi trilhar. A história da origem do Dia dos Professores, conta que essa data celebrativa surgiu a partir de um Decreto de Dom Pedro I, ainda no Brasil Império, que determinava a criação do "Ensino Elementar" (hoje, Ensino Fundamental). Então, no dia 15 de outubro de 1827 decretou que as cidades, vilas e lugarejos, tivessem suas escolas de primeiras letras. A fonte e mais informações sobre esse assunto se encontra neste link aqui.

O título da minha postagem faz referência ao livro do Professor Paulo Freire: "Professora, sim; tia não: Cartas a quem ousa ensinar", que pode ser baixado gratuitamente clicando no título do livro. Acredito que este seja um livro de leitura fundamental a todas as professoras e todos os professores, principalmente aos atuantes na Educação Infantil. 

Eu sou Professora (e brevemente também serei Pedagoga). Esta é minha profissão desde a primeira formação no Ensino Médio, aos 17 anos e também na primeira graduação no Curso Normal Superior. Logo que me formei Professora, passei num concurso para a Prefeitura da minha cidade natal, em Minas Gerais. Trabalhei durante anos até me mudar para o Rio e exonerar o meu cargo público. 

Eu sou Professora. Esta é a minha formação. Escolhi trabalhar com os pequenos, com os quais me identifico e gosto de aprender com eles. Ensino e aprendo. Aprendo e ensino. 

Quando estou em sala de aula, eu sou Professora. Me apresento para as crianças como Eliana, este é meu nome e elas aprendem a me chamar pelo meu nome, pois esta é a minha identidade. Para os pequenos sou Eliana, ou Professora Eliana; para os muito pequenos e que ainda estão aprendendo a falar sou "Nana", "Niana", "Pofessola"... São várias as tentativas lindas de se dizer. 

Sobrinhos, tenho vários! Filhos dos meus irmãos e irmãs. Da minha família nuclear, são 11. Da primeira família do meu pai, eu não consigo contar, minha família é numerosa. 

Mas o que quero ressaltar é que na minha profissão eu sou Professora, tenho formação acadêmica, científica e especializada para cumprir minha atividade profissional na sociedade em que vivo. São anos e anos de formação educacional, pesquisas científicas para compreender os processos educativos. É um trabalho árduo! A formação continuada é essencial para me manter atualizada em minha profissão. Eu estudo, leio, faço inúmeros cursos sobre os mais diversos assuntos. 

Na minha família, tenho meus sobrinhos, sou a Tia Eliana de alguns já adultos e outros ainda crianças, que infelizmente moram distante de mim, em outras cidades e em outros estados. Mas os amo muito como uma tia deve amar, mesmo estando longe e me fazendo presente por chamadas de vídeos.  

Eu sou Professora e infelizmente este é o segundo ano que não comemoro essa data tão significativa ao lado das pessoas mais importantes da minha profissão: os meus alunos, as minhas crianças. Sinto o vazio da ausência dos meus pequenos, da sala de aula, da escola, das companheiras de trabalho. Em tantos anos de profissão, ficar (quase) dois anos desempregada tem sido uma experiência muito ingrata! 

Educar é minha missão enquanto Professora. É o que escolhi fazer ao longo da minha vida. Em pensamento abraço cada criança que já passou por mim. Hoje muitas já se tornaram adultas, outras já são adolescentes e os meus bebês que comecei a trabalhar antes da pandemia já não são mais bebês. De vez em quando recebo uma fotografia ou outra delas (da minha turma antes da pandemia) e já são crianças "grandes".

Escolhi esta imagem para ilustrar o post, pois a orquídea
foi presente de uma criança no dia dos Professores
do ano de 2018. Cuido com muito amor e carinho
dessa flor que tem uma forte simbologia para mim.
É á segunda vez que ela floresce desde que ganhei.

Ser Professora é uma profissão, ser tia é parentesco. Por isso afirmo sempre: _Sou Professora! Assim como Paulo Freire escreve em seu livro que dá título à minha postagem:

 

"A tarefa de ensinar é uma tarefa profissional que, no entanto exige amorosidade, criatividade, competência científica (...)" (FREIRE, 1997, p. 9)

 

"A professora pode ter sobrinhos e por isso é tia da mesma forma que qualquer tia pode ensinar, pode ser professora, por isso, trabalhar com alunos. Isto não significa, porém, que a tarefa de ensinar transforme a professora em tia de seus alunos da mesma forma como uma tia qualquer não se converte em professora de seus sobrinhos só por ser tia deles. Ensinar é profissão que envolve certa tarefa, certa militância, certa especificidade no seu cumprimento, enquanto ser tia é viver uma relação de parentesco. Ser professora implica assumir uma profissão, enquanto não se é tia por profissão. Se pode ser tio ou tia geograficamente ou afetivamente distante dos sobrinhos, mas não se pode ser autenticamente professora, mesmo num trabalho a longa distância, 'longe' dos alunos". (FREIRE, 1997, p. 9)

Deixo aqui a todos os meus companheiros de profissão, o meu abraço carinhoso. E um especialmente para Cris, Solange e Luiz por também trilharem o árduo caminho da educação.

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Mato, Rio E Mar

De vez em quando gosto de fazer pequenas pausas na rotina, na internet e focalizar outras demandas que são mais importantes em determinados momentos.

Foi o que fiz nos últimos dias de outubro, desde a chegada do mês. Voltei minha atenção para as leituras e trabalhos pendentes do meu curso, tentei colocar o máximo de coisas em dia, organizei a casa que precisava de uma atenção, cuidei das plantas, dos passarinhos que habitam o quintal, dos meus gatos. 

Assuntos para escrever eu sempre tenho, mas não sinto vontade de fazer diariamente e nem me obrigo a obedecer um rotina rígida aqui no blog. Aqui é meu lugar de paz para quando a vontade de escrever gritar que deseja sair das minhas mãos.

Esse mês também veio para sacudir um pouco a poeira da rotina maçante da pandemia. O padrinho do meu marido fez 82 anos e desejou comemorar com algumas pessoas da família numa pousada no meio de uma mata fechada, com rio e mar. 

Foi tudo muito tranquilo, com pouquíssimas pessoas e no meio de um lugar de beleza ímpar. O lugar se chama Praia de São Gonçalinho e fica entre as cidades de Angra dos Reis e Paraty. Ainda não conhecia e foi uma experiência muito satisfatória. 

Vista da BR 101.
Florezinhas roxas que enfeitam o acostamento.

Praia de São Gonçalinho, águas calmas e geladas.

A pousada é cercada por uma mata fechada, como se fosse um vale. Na frente tem um pequeno rio com pedras e águas cristalinas que correm até o mar da Praia de São Gonçalinho. Para acessar a praia é preciso atravessar a BR 101 e entrar por um caminho de terra até a entrada da praia.

Pousadinha pequena no meio da Mata Atlântica.

O lugar é realmente lindo! Mas infelizmente, por conta do frio e da chuva intensa não pude aproveitar nem o banho de rio, nem o banho de mar. Apenas curti a paisagem, o sossego, o silêncio que tanto me agrada, os passarinhos cantando, o som das águas correndo por entre as pedras.

No rio só tive coragem de molhar um pouco os pés.
A água estava gelada!

O pé de pitanga na beira da praia estava carregado de frutas!

Paisagem encantadora da beira da praia.

Encontrei uma plantinha que dá lindas flores
roxas em formato de cabecinha de ET. 
Uma lindeza! 

Ficamos por lá por pouco tempo, entre os dias 8, 9 e 10 de outubro, mas foi o suficiente para dar uma renovada na alma e aperfeiçoar o olhar com novas paisagens. 

E para completar a magnitude dos meus dias de paz e sossego no meio do mato, ao retornar para o Rio consegui tomar a segunda dose da vacina contra Covid-19. Agora a imunização está completa!

Que os bons dias de felicidade e as boas experiências se tornem cada vez mais presentes!