O que desejo escrever 1 ano após esse procedimento cirúrgico é que todo e qualquer tratamento dessa magnitude, pode ou não deixar algum tipo de sequela. Foi o que ocorreu no meu caso.
Recebi um diagnóstico tardio de endometriose profunda, que é o estágio mais avançado da doença. Os focos de tecido endometrial já haviam aderido em vários órgãos, dentre eles a bexiga.
Um mês após a cirurgia, logo que diminuiu o inchaço abdominal e as dores do pós cirúrgico, notei uma mudança no fluxo urinário, percebi que a urina não estava sendo eliminada completamente do meu organismo. Relatei o ocorrido para a médica que me operou e ela me explicou que no caso de uma endometriose profunda, com muitos focos da doença espalhados pelos órgãos, é necessário que no momento da remoção desses focos seja preservada uma parte do órgão (no caso da bexiga, uma parte dos focos da doença não é removida). Então o que houve foi que no momento de remover os focos, na parte em que foi mexida, pode ter ocorrido algum tipo de dano na musculatura ou nos nervos.
A médica me encaminhou para realizar um exame específico para avaliar o estado da bexiga, o exame se chama Estudo Urodinâmico. Foi um exame necessário, mas também bastante desconfortável e invasivo. O resultado foi "Hipoatividade Detrusora", em outras palavras, o músculo chamado detrusor responsável pelo esvaziamento total da bexiga, foi parcialmente afetado durante a cirurgia e, portanto, não estava cumprindo bem a sua função.
Então começou a saga! Fui encaminhada para tratamento com fisioterapia pélvica. Para começar, eu nem sabia que existia essa especialidade dentro da fisioterapia. Encontrar profissionais capacitados para essa especialização é bem difícil, pois é muito específica. Mas para minha felicidade encontrei uma profissional excelente e super capacitada para realizar esse tipo de tratamento.
Foram meses de sessões e tratamento intensivo para melhoria do quadro clínico. A fisioterapia pélvica é invasiva, por isso é necessário encontrar uma profissional na qual se sinta segura e que lhe transmita confiança.
Agora na primeira quinzena de outubro recebi alta da fisioterapeuta e meu organismo já se recuperou completamente. São pequenas vitórias que melhoram, além do quadro clínico, também a autoestima.
Sobre a endometriose, essa doença silenciosa e de difícil diagnóstico, gostaria de recomendar dois podcasts do portal do Dr. Dráuzio Varella que são bastante esclarecedores, O Podcast "Porque dói?" traz informações úteis e podem auxiliar a quem esteja apresentando sintomas dessa doença.
O quanto antes recebermos um diagnóstico, mais fácil se torna o tratamento e a redução de danos e sequelas.