domingo, 28 de novembro de 2021

Reflexão Sobre O Tempo E Sua Passagem

Já no finalzinho do mês de outubro e no decorrer do mês de novembro viajei para a minha cidade natal,  Almenara, no nordeste de Minas Gerais. Passei um bom período por lá na companhia de familiares. Minha mãe e um dos meus irmãos com sua família ainda residem lá. 

Foi um período em que me desconectei aqui do blog (que é a única rede social que ainda utilizo) e permaneci apenas no mundo real, vivendo os dias com pessoas queridas que por conta da distância habitual passamos pouco tempo juntos. Nesse meio tempo, encerrei mais um semestre remoto na Uerj e com isso, a conclusão do meu curso se aproxima. 

Voltando ao assunto da viagem, estava com receio de sair e viajar por uma longa distância, mas como já havia me imunizado com a segunda dose da vacina, isso me encorajou a encarar esse desafio. Ainda estamos vivendo em uma pandemia, a situação não se normalizou, por isso a necessidade de continuarmos nos cuidando com as medidas necessárias. 

Viajei de ônibus, que não estava abarrotado de gente. Essa viagem geralmente é muito desgastante, pois o trecho é longo. Saí de Cabo Frio e fui até Belo Horizonte, cerca de 8 horas e meia de viagem e fiquei na casa da minha irmã por uns três dias. De Belo Horizonte peguei outro ônibus que me levou direto para Almenara, por aproximadamente 15 horas de viagem. 

A minha cidade natal fica numa região conhecida como Vale do Jequitinhonha, que é muito próxima do sul da Bahia. Partindo do Rio de Janeiro é uma distância considerável de quase 1.200 km. No ano de 2019 fiz esse trajeto de carro, dirigindo desde o Rio, passando por Belo Horizonte e chegando em Almenara. Foi uma aventura que me dispus a realizar para saciar um desejo por pegar a estrada sozinha pelo menos uma vez na vida. Mas confesso que atualmente não encararia mais esse desafio, pois além de ser cansativo, A BR-116 tem sua fama de ser perigosa. E de fato vi muita imprudência no decorrer da viagem, além de dirigir por você, precisa dirigir pelo outro, zelar pela segurança e antever situações de perigo. Presenciei alguns acidentes no percurso, mas felizmente fui e voltei em segurança.  

Então, por conta da pandemia, passei mais de dois anos sem visitar minha família. E agora finalmente consegui vê-los. Nesse período de dois anos e meio estando longe, ficou muito nítido para mim o fato de não perceber como o tempo passa tão depressa. Rever pessoas conhecidas, amigos, familiares, com as quais eu tinha um convívio diário e notar a passagem do tempo refletida no rosto de cada um, com as marcas que o tempo deixa me causou uma sensação de que vamos envelhecendo e vivendo as mudanças com muita sutileza. 

Não sei se estou me fazendo entender nesta minha reflexão, mas meu coração desejou registrar a respeito desse assunto. No cotidiano corrido vamos levando os dias de forma tão automática que não paramos para observar as mudanças sutis do tempo, apenas seguimos vivendo. Estou generalizando, pois creio que eu não seja a única pessoa do mundo que tenha essa sensação, talvez exista mais uma meia dúzia de gatos pingados que também sinta isso. 

O fato é que o tempo passa e está passando enquanto escrevo essa frase. Mas no dia a dia vivemos atarefados, resolvendo nossas questões, dando conta da vida conforme conseguimos, entre outras situações diversas que encaramos, aí a gente pisca, se olha no espelho e as mudanças (não somente físicas) estão lá. Amadurecemos, mudamos nossa forma de ser, estar, pensar e isto é ótimo! As mudanças são bem vindas e necessárias, mas acontecem muitas vezes na sutileza, sem alarde e quando nos damos conta já foi!

São pensamentos um pouco complexos, mas parei para refletir sobre esse assunto por conta da minha viagem. Revisitar um lugar conhecido, rever pessoas, situações, me despertou esse sentimento de que "o tempo não para", como cantava o querido Cazuza. Fica marcado na pele, no jeito, no corpo, na forma de ser e estar presente no mundo. 

E eu me pergunto se estou sendo a pessoa que desejo ser, coerente nas minhas atitudes, ações, escolhas de vida... O tempo vai passando e deixando suas marcas em meu corpo de diversas formas, mas é um exercício cotidiano rever minhas escolhas e minha forma de ser e estar no mundo. Pois minhas escolhas conduzem meu caminho enquanto estou por aqui. 

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Endometriose: 1 Ano de Cirurgia


Hoje, 20 de outubro, está completando 1 ano que fui submetida a uma laparoscopia para remoção de endometriose profunda com acometimento do intestino. Relatei a situação do pós-operatório neste post aqui.

O que desejo escrever 1 ano após esse procedimento cirúrgico é que todo e qualquer tratamento dessa magnitude, pode ou não deixar algum tipo de sequela. Foi o que ocorreu no meu caso. 

Recebi um diagnóstico tardio de endometriose profunda, que é o estágio mais avançado da doença. Os focos de tecido endometrial já haviam aderido em vários órgãos, dentre eles a bexiga. 

Um mês após a cirurgia, logo que diminuiu o inchaço abdominal e as dores do pós cirúrgico, notei uma mudança no fluxo urinário, percebi que a urina não estava sendo eliminada completamente do meu organismo. Relatei o ocorrido para a médica que me operou e ela me explicou que no caso de uma endometriose profunda, com muitos focos da doença espalhados pelos órgãos, é necessário que no momento da remoção desses focos seja preservada uma parte do órgão (no caso da bexiga, uma parte dos focos da doença não é removida). Então o que houve foi que no momento de remover os focos, na parte em que foi mexida, pode ter ocorrido algum tipo de dano na musculatura ou nos nervos.

A médica me encaminhou para realizar um exame específico para avaliar o estado da bexiga, o exame se chama Estudo Urodinâmico. Foi um exame necessário, mas também bastante desconfortável e invasivo. O resultado foi "Hipoatividade Detrusora", em outras palavras, o músculo chamado detrusor responsável pelo esvaziamento total da bexiga, foi parcialmente afetado durante a cirurgia e, portanto, não estava cumprindo bem a sua função. 

Então começou a saga! Fui encaminhada para tratamento com fisioterapia pélvica. Para começar, eu nem sabia que existia essa especialidade dentro da fisioterapia. Encontrar profissionais capacitados para essa especialização é bem difícil, pois é muito específica. Mas para minha felicidade encontrei uma profissional excelente e super capacitada para realizar esse tipo de tratamento. 

Foram meses de sessões e tratamento intensivo para melhoria do quadro clínico. A fisioterapia pélvica é invasiva, por isso é necessário encontrar uma profissional na qual se sinta segura e que lhe transmita confiança. 

Agora na primeira quinzena de outubro recebi alta da fisioterapeuta e meu organismo já se recuperou completamente. São pequenas vitórias que melhoram, além do quadro clínico, também a autoestima. 

Sobre a endometriose, essa doença silenciosa e de difícil diagnóstico, gostaria de recomendar dois podcasts do portal do Dr. Dráuzio Varella que são bastante esclarecedores, O Podcast "Porque dói?" traz informações úteis e podem auxiliar a quem esteja apresentando sintomas dessa doença. 

O quanto antes recebermos um diagnóstico, mais fácil se torna o tratamento e a redução de danos e sequelas.