domingo, 28 de fevereiro de 2021

Passarinhos na Janela

A festa começa bem cedinho, antes mesmo que o dia clareie. Diversos tipos de cantos, uns mais fortes e intensos, outros mais delicados e suaves ao ouvido.

Num desses dias não resisti. Abri a janela logo que fui despertada pelo canto dos passarinhos. Deveria ser umas cinco e meia da manhã.

Coisa linda de se ver! Todos juntos no alto da buganvília, cada um mostrando seus talentos musicais para uma plateia inexistente... Até eu aparecer na janela. 

Os bem-te-vis são os que mais se destacam. Seu cantar é alto e forte! Eles também emitem um som muito específico que mais parece um grito. Não sei nomear os sons dos passarinhos e tampouco conheço as espécies. Meu lance é admirar e apreciar a graça e a leveza do ser passarinho. São criaturas adoráveis. Me encantam profundamente. 


Nessa manhã tentei captar um vídeo, pelo celular mesmo (com uma qualidade bem duvidosa, principalmente quando se precisa utilizar o recurso do zoom). Mas a minha intenção não era mesmo ser nenhuma correspondente da "National Geographic" (hahaha). Desejava apenas guardar aqueles poucos segundos a lembrança do meu pequeno momento de felicidade em ouvir os passarinhos pela janela do quarto.


E finalizo esse breve texto com uma frase do poeta Manoel de Barros:

“Deixei uma ave me amanhecer.”

sábado, 30 de janeiro de 2021

O Sol Vai Voltar Amanhã


Dezembro passou, veio o Natal e depois a virada de ano. Eventos que transcorreram de forma bastante estranha para minha pessoa. Sem ânimo, sem pique, sem porquê... Apenas dias que se foram sem euforia, aquela tradicional euforia de renovação da esperança por um ano começando do zero.

E agora estamos no penúltimo dia do mês: 30 de janeiro de 2021.

Sigo dançando conforme a música toca. E vou ser bem sincera, a música que está tocando agora não me agrada muito.

Sensação de vida estacionada, em que não posso realizar planos. Vivendo na base de esperar. Esperar que o tempo passe. Esperar por uma vacina que me imunize. Esperar por dias melhores.

Calma... 

Paciência...

Resiliência...

Seguindo nesse ritmo. 

Para mim a quarentena ainda não terminou. Ainda respeito o isolamento. Ainda uso máscara quando preciso sair. Acredito que cada um precisa fazer a sua parte e eu faço a minha. 

O vírus se aproximou, se tornou presente. Eu peguei mas não tive sintomas, meu marido pegou e não teve sintomas. Mas pessoas próximas da família e amigos ficaram doentes. Uns mais graves, outros mais leves... E alguns partiram. 

E a vida continua. Necessário manter a serenidade para aguentar os trancos e os solavancos do percurso. 

Não é fácil manter a sanidade diante do caos. Há dias em que o choro não consegue ser contido. E ele sai com força, lavando a alma dolorida e machucada.

Aprendemos a não mostrar nossas dores e nem nossa sombra. Mas há momentos em que essa parte oculta precisa se manifestar, do caos para a ordem - da ordem para o caos. A dualidade da vida. Yin e Yang. 

Resiliência...

Paciência...

Calma... 

Isso também vai passar. E é claro que o sol vai voltar amanhã.

Mais uma vez...