sábado, 30 de janeiro de 2021

O Sol Vai Voltar Amanhã


Dezembro passou, veio o Natal e depois a virada de ano. Eventos que transcorreram de forma bastante estranha para minha pessoa. Sem ânimo, sem pique, sem porquê... Apenas dias que se foram sem euforia, aquela tradicional euforia de renovação da esperança por um ano começando do zero.

E agora estamos no penúltimo dia do mês: 30 de janeiro de 2021.

Sigo dançando conforme a música toca. E vou ser bem sincera, a música que está tocando agora não me agrada muito.

Sensação de vida estacionada, em que não posso realizar planos. Vivendo na base de esperar. Esperar que o tempo passe. Esperar por uma vacina que me imunize. Esperar por dias melhores.

Calma... 

Paciência...

Resiliência...

Seguindo nesse ritmo. 

Para mim a quarentena ainda não terminou. Ainda respeito o isolamento. Ainda uso máscara quando preciso sair. Acredito que cada um precisa fazer a sua parte e eu faço a minha. 

O vírus se aproximou, se tornou presente. Eu peguei mas não tive sintomas, meu marido pegou e não teve sintomas. Mas pessoas próximas da família e amigos ficaram doentes. Uns mais graves, outros mais leves... E alguns partiram. 

E a vida continua. Necessário manter a serenidade para aguentar os trancos e os solavancos do percurso. 

Não é fácil manter a sanidade diante do caos. Há dias em que o choro não consegue ser contido. E ele sai com força, lavando a alma dolorida e machucada.

Aprendemos a não mostrar nossas dores e nem nossa sombra. Mas há momentos em que essa parte oculta precisa se manifestar, do caos para a ordem - da ordem para o caos. A dualidade da vida. Yin e Yang. 

Resiliência...

Paciência...

Calma... 

Isso também vai passar. E é claro que o sol vai voltar amanhã.

Mais uma vez...

sábado, 19 de dezembro de 2020

Transitoriedade

"Precário, provisório, perecível
Falível, transitório, transitivo
Efêmero, fugaz e passageiro
Eis aqui um vivo, eis aqui um vivo..."
(Lenine)

Já faz alguns dias que venho ensaiando sentar em frente ao computador e escrever um pouco, mas estava me sentindo um tanto quanto desconcentrada, a mente agitada e os pensamentos acelerados. 

O corpo vai sentindo o peso e o pesar do final de ano. Final de ano com uma epidemia em andamento. Sinto uma angústia em relação à isso, ao que me parece ainda longe do fim.

Tantas coisas fortes e marcantes aconteceram no decorrer do ano, que tenho uma sensação de ter vivido dez anos em um. Para mim o tempo tem passado arrastado. 

Vivo a minha experiência pessoal, assim como cada um também vive a sua própria experiência. Posso apenas sentir o que vivo na minha própria pele. De um modo geral (no meu contexto), venho tentando ressignificar minhas experiências (as mais pesadas) vividas até aqui. Sem a intenção de lançar um papo de "good vibes". Senti a necessidade de desenvolver positivamente meus pontos de vista sobre as situações que têm me acontecido, e a partir daí ressignificá-las.

Nos últimos meses (entre setembro e dezembro) estava em ensino remoto, não a trabalho, mas como estudante. Sou professora e também sou aluna. Já faz alguns anos que concluí minha primeira graduação no Curso Normal Superior (pela Unimontes - Universidade Estadual de Montes Claros), tempos depois me especializei em Educação Infantil (pela Puc Rio) e recentemente resolvi voltar a cursar uma segunda graduação também na área educacional, Pedagogia (pela Uerj - Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Quase concluinte!

Tivemos aula presencial apenas na primeira semana de março, antes da pandemia. Com a chegada da pandemia paramos tudo e ficamos todo o primeiro semestre sem aulas. Tempo necessário para a Universidade reorganizar o currículo e tomar as medidas cabíveis para a retomada das aulas de forma remota, chamado de Período Acadêmico Emergencial (PAE). Então o período teve andamento, concluímos enfim o semestre 2020.1 na última sexta feira (11.12).

Na minha experiência, longe de ser um dos melhores semestres de estudo. Tive dificuldades em me adaptar às aulas, organizar o tempo de estudo e de leitura. Fiz o melhor que pude com as ferramentas que eu tinha. A internet caindo e a conexão ruim, o computador que resolveu dar vários pitis sem querer ligar ou desligando por vontade própria. Aos trancos e barrancos dei o meu melhor e compreendi  de coração a situação dos professores tendo que se adaptar a toda uma mudança na forma de trabalhar.

Também sou professora e senti na pele como foi difícil adaptar o trabalho com as crianças pequenas. Não foi nada simples pensar em estratégias de adaptação de conteúdo para lidar com o ensino remoto com crianças de Educação Infantil. Meu trabalho teve término em maio, quando perdi meu emprego pela falta de alunos que pouco a pouco foram se desligando da escola. 

Então nesses últimos meses estava imersa nas leituras acadêmicas, tirando o melhor proveito das aulas da forma que era possível. E nas últimas semanas tive uma grande quantidade de trabalhos para entregar com o encerramento do semestre. Com tudo isso senti um cansaço mental e dificuldade de me concentrar. Li alguns livros fora do contexto acadêmico para espairecer as ideias e ouvi muita música. 

Diante de toda a transitoriedade da vida estamos finalmente chegando ao fim desse ano abarrotado das mais diversas vivências. E escrever essas breves palavras hoje já me trouxe uma boa sensação de esvaziamento de peso da minha mente (por vezes) conturbada de tantos pensamentos.